Candidatos defendem propostas do movimento LGBT e partidos lançam candidatos de olho nos votos do arco-íris.
Ausência sentida na última Parada Gay, em São Paulo, José Serra não titubeou quando, na sabatina do jornal Folha de S.Paulo, anteontem, foi inquirido sobre a união civil de pessoas do mesmo sexo e adoção de crianças por homossexuais.
Disse que é a favor de ambas e foi além. "Tem tanto problema grave de crianças abandonadas no Brasil. Isso vale para qualquer tipo de casal, qualquer tipo de pessoa. Não vejo por que não aprovar."
Dilma Rousseff, que também não esteve na parada, já manifestou opinião semelhante diversas vezes. Dos três favoritos na disputa à presidência, só Marina Silva é contra.
Ainda assim, a candidata verde, que é evangélica, faz malabarismos verbais sempre que a pauta GLS vem à tona.
A postura dos candidatos demonstra claramente que o tema deixou de ser um tabu para entrar com força na agenda da campanha.
Os partidos nunca investiram tanto no público batizado de LGBTT, sigla para Lésbicas, gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
"Não existe um estatística oficial, mas as estimativas do movimento gay são que 10% da população seja LGBTT. Em 2010 o IBGE vai, pela primeira vez, mapear o número de famílias gays no Brasil", afirma Mitchelle Meira, coordenadora de promoção dos direitos humanos LGBTT da presidência da República.
Urna colorida
O primeiro partido político brasileiro a investir no eleitorado gay foi o PT. Desde 1991 o diretório nacional da legenda conta com um núcleo de gays e lésbicas.
"Eu diria que, hoje, 80% dos militantes gays estão no PT. Mas felizmente isso está mudando e os partidos estão se abrindo. Até o PCdoB, que tem um histórico conservador, agora tem um núcleo GLS", diz Julian Rodrigues, coordenador nacional setorial LGBT do PT, e coordenador do programa de governo de Dilma Rousseff nessa área.
"Nunca o Brasil teve tantas políticas públicas para a diversidade. Em 2008 o governo realizou a I° Conferência Nacional LGBT. Pela primeira vez na história do mundo o poder público convocou um evento dessa natureza.
Em 2004, foi lançado o programa ‘Brasil sem homofobia'", entusiasma-se Mitchelle Meira.
Outro lado
"O ‘Brasil sem Homofobia' é a versão gay do Fome Zero: muita propaganda e pouca ação. O governo Lula cooptou o movimento gay.
A maioria dos convênios dos centros de referência (espaços que oferecem cursos e acolhem a população LGBT) não foi renovado", responde Wagner Tronolone, assessor do governador paulista, Alberto Goldman (PSDB), e coordenador da "Diversidade Tucana".
O braço gay do PSDB começou paulista mas está se articulando em outros estados. E, a partir da semana que vem, começa a se reunir com militantes dos outros partidos da coligação para elaborar o programa LGBT da campanha.
"O PSDB não tinha tradição partidária no movimento gay, mas a campanha será um divisor de águas", aposta Pronolone.
Ele enumera as vitórias tucanas no movimento: "FHC foi o prmeiro presidente a dizer a palavra homossexual em público e a incluir os gays na Carta Nacional de Direitos Humanos. E foi o Serra quem criou as Coordenadoria da Diversidade Sexual.
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