sexta-feira, 27 de maio de 2011

PRESIDENTA CEDE ÀS CHANTAGENS DOS FUNDAMENTALISTAS RELIGIOSOS E SUSPENDE O “KIT ANTI-HOMOFOBIA”








Mais um momento de uma das piores, senão a pior, das tradições da política brasileira suspendeu, na terça-feira, os processos de adoção do material impresso preparado pelo Ministério da Justiça visando combater o preconceito homofóbico nas escolas públicas do país: os religiosos fundamentalistas “aproveitaram” o escândalo envolvendo as finanças do chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, ameaçando o governo Dilma de enfrentar uma CPI sobre o tema. Ou seja, trocaram laranja por abacaxi!
“Ainda comemorávamos a jurisprudência sobre a legalidade de união estável como uma das formas de família da sociedade e nos deparamos, primeiro, com um boicote da mídia em geral na divulgação do nosso ato público em Brasília, que reuniu cinco mil pessoas para reivindicar justamente a aprovação de uma lei federal que criminalize a violência homofóbica, e agora vem o governo dizer que é “seu papel decidir sobre costumes familiares” – protestou o presidente da Associação de Ajuda Mútua-Shama, Marcos André Martins. O dirigente considerou que este novo retrocesso faz parte da realidade de que o Brasil político só é laico no papel da Lei, não na sua prática, atribuindo a atitude da presidenta Dilma Roussef a pressões e chantagens dos deputados e senadores fundamentalistas de todas as religiões no Congresso Nacional, que, “ao que parece, acha que é divino o Brasil ser o país que mais assassina travestis no mundo, ser o mais violento de todos os países em relação à orientação sexual homossexual, em geral”- criticou, lembrando que uma questão de lisura ou não lisura de um membro do governo está impedindo-a de cumprir a promessa de campanha sobre a afirmação da homossexualidade como direito humano, e que, no aspecto da sexualidade, enfim, a cultura religiosa brasileira só se diferencia da islâmica na dissimulação de seus métodos.
Segundo ele, a comunidade LGBT reagiu à situação de forma incisiva e se mobiliza para impedir que o governo engavete o chamado Kit Anti-Homofobia. “Sabemos que se combate o preconceito dentro de casa e na escola, ora, dentro de casa, graças à Justiça, e não ao Congresso, já somos dignos de sermos um casal e adotar filhos perante a Lei, agora precisamos nos fazer existir no sistema educacional, porque, neste, o preconceito aparece na forma mais corriqueira e cruel de todas com as práticas de bullying, e a esmagadora maioria dos professores não sabe o que fazer”, afirmou Marcos, ressaltando que o chamado “Kit” é material didático, e não propaganda sobre homossexualidade. “Até porque não teria sentido fazermos propaganda de uma situação que não escolhemos, ou seja, quem é homossexual sabe que não escolheu ser homossexual, tal como o heterossexual também não, trata-se apenas de duas formas naturais de sexualidade”, concluiu Marcos, informando que centenas de ONGs, autoridades e simpatizantes estão convocadas a enviar protestos e apelos ao governo para que a presidenta reveja sua posição.
SHAMA
Direção

Uberlândia, 28 de maio de 2011

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