quarta-feira, 19 de maio de 2010

1ª Marcha Nacional contra a Homofobia



POLÍTICA LGBT

Com quase uma hora de atraso, aconteceu na manhã de hoje, 18, no Auditório Nereu Ramos, no Congresso Nacional, o VII Seminário Nacional LGBT. Durante a apresentação dos membros da mesa na solenidade de abertura, o auditório, lotado de LGBT de todo o Brasil, ovacionou a senadora Fátima Cleide (PT-RO). Relatora do PLC-122/06, ela não conteve as lágrimas diante do reconhecimento dos homossexuais.

“Gente, não façam isso comigo”, disse Fátima Cleide enquanto enxugava as lágrimas e era aplaudida de pé. “Por causa disso é que persisto nessa luta que não era minha, mas agora é. Digo isso porque sou tão discriminada por defender os direitos de vocês”, afirmou. Com mais aplausos calorosos, o público gritava em um só coro: “Xô homofobia, homofobia fora! Xô homofobia, já chegou a tua hora”. Na sua fala, a senadora comentou sobre as questões do PLC-122.

A emoção não estava apenas na fala da senadora. A travesti Fernanda Benvenutty, da Associação de Travestis da Paraíba (Astrapa), mostrou uma foto de uma travesti de 16 anos assassinada a pedradas na Paraíba, e emocionou os presentes. Ao se referir à vítima, Fernanda demonstrou a situação de transfobia no Brasil. “Ela não teve escola, não teve emprego, nem teve o direito à felicidade. Qual crime ela cometeu para ser morta a pedradas? Neste país, as travestis parecem ser sentenciadas à morte apenas pelo fato de serem travestis”, disse.

Fernanda pediu que gays, lésbicas e bissexuais se unam também no combate à transfobia. Emocionada, ela pediu aos presentes um minuto de silêncio pelas travestis que são assassinadas no país, e salientou a instabilidade da sua vida e das demais travestis, que podem ser a próxima vítima da homofobia. “Isso porque a cada dois dias um homossexual é morto no Brasil e nós sofremos o maior dos preconceitos”, disse.

A travesti Keila Simpson, vice-presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), declamou o poema O Avesso do Travesti, escrito por Rafael Menezes, morador da cidade de Cabo Frio (RJ). Após a declamação, Kelia foi aplaudida de pé. Ela também destacou a coragem e a perseverança dos LGBT que estão chegando a Brasília, que estão com pouco conforto no alojamento no Parque da Cidade e que vão chegar cansados para o 1º Grito Nacional pela Cidadania LGBT e Contra a Homofobia, que acontece nesta quarta-feira, 19, a partir das 9h, na Esplanada dos Ministérios, e farão aquele famoso bate-volta aos seus estados de origem.

“Esta iniciativa destas pessoas só mostra que somos fortes”. A travesti Tathiane Araújo, secretária de Direitos Humanos da ABGLT, também mostrou engajamento político na sua fala. Além de bela, mostrou-se muito bem articulada como representante da sua classe.

Fundamentalismo religioso – Na sua fala, o presidente da ABGLT Toni ReisLuiz Inácio Lula da Silva, que conseguiu convencer o presidente fundamentalista do Irã em relação ao enriquecimento do urânio, que pode ser utilizado na fabricação de bombas nucleares. “Se na sua negociação ele convenceu o fundamentalista presidente iraniano, esperamos que ele consiga convencer os deputados e senadores aqui do Brasil”, afirmou. destacou o posicionamento do presidente

Toni Reis destacou o apoio do Governo Federal no seu posicionamento às diretrizes em prol dos LGBT do Programa Nacional dos Direitos Humanos 3 (PNDH-3). “Apesar da pressão dos conservadores, estas questões não foram alteradas”, lembrou. Toni Reis congratulou a subprocuradora-geral da República Deborah Duprat pela sua atuação em nome dos LGBT durante seus 15 dias na Procuradoria-Geral da República. Reis parabenizou também a Justiça brasileira, que se mostra competente naquilo que o legislativo brasileiro não faz.

Direito constitucional – Deborah Duprat destacou os direitos que o Brasil adquiriu com a promulgação da Constituição de 1988. “Nosso Direito com a Constituição mostra uma sociedade hegemônica. O sujeito de direito, antes disso, era o sujeito branco, masculino, heterossexual, adulto e com posses. Os demais viviam na invisibilidade”, comentou. De acordo com Deborah, a sociedade é plural e esta sociedade deve se encontrar no mesmo espaço público.

Destacando a visibilidade homossexual, ela ressaltou aos presentes que os LGBT não devem ser, simplesmente, tolerados. “Tolerância é uma palavra de domínio do espaço público. Este espaço que a elite hegemônica quer limitar a vocês”, disse. Ela criticou o legislativo brasileiro. “O legislativo tem que ter consciência da importância da nossa Constituição. O legislativo está se despindo das suas responsabilidades e isso força o judiciário a decidir em nome dos direitos do sujeito, dos direitos humanos”.

Fonte: Mundo Mais

http://www.mundomais.com.br/exibemateria2.php?idmateria=1396



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