Soldado homossexual é exonerado por "deserção"
O soldado Ricardo Borges Filho, 27 anos, foi excluído ontem da Polícia Militar por deserção - crime no Código Penal Militar que se refere à isenção do trabalho, sem licença, por mais de oito dias. Ele se ausentou da corporação por dois anos durante uma viagem aos Estados Unidos. De acordo com o comandante da 9ª Região da Polícia Militar, coronel Dilmar Crovato, se o militar apresentar recurso dentro do prazo, ele poderá continuar trabalhando até o julgamento. Ricardo Borges não concorda com os embasamentos da expulsão. Ele afi rma que a deserção não vai contra o decoro da classe militar e por isso vai recorrer ao governo do Estado. “Em outras regionais, militares se ausentaram como eu e não foram expulsos da corporação. Sempre tive bom comportamento e acho que esta decisão pode ter sido também porque expus a polícia na mídia”, disse. Homossexual assumido, o militar protocolou no Ministério Público (MP) de Uberlândia, no dia 22 de abril, uma representação contra o tenente Adílson Wagner de Andrade, alegando ter sido vítima de injúria e preconceito em relação à sua orientação sexual. Segundo Ricardo Borges, que faz parte da corporação há oito anos, durante uma instrução ministrada pelo tenente, ele foihumilhado e constrangido na frente de outros militares. CRIME MILITAR De acordo com o coronel Crovato, a partir do momento em que o militar se afastou do serviço foi consumado o crime de deserção e após sua reapresentação, em 2009, foi instaurado um procedimento administrativo disciplinar para avaliar as condições de permanência do militar na corporação. “Como o militar não apresentou justifi cativas, ele foi exonerado. A decisão não tem nenhum nexo com o fato que aconteceu sobre a opção sexual dele”, afirmou.
Fonte:
Jornal Correio 17/06
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